Ela vai se formando, segundo após segundo…até que chega finalmente o momento em que ela desliza pelo meu rosto. Suave, sem pressa desliza com uma calma que não existiu na sua nascença, ela forma-se abruptamente e não vem só. Consigo muitas outras vêm. Ela desliza penetrando cada um dos meus poros, ela inunda-os com a sua sabedoria, ela reduz-me à minha insignificância. Ela é sábia, nunca surge sem um motivo, sem uma forte razão de ser e guarda em si um profundo sentimento, um sentimento que não queremos ver, não queremos sentir…simplesmente não queremos… Ela é soberba, magnânima, independente, não surge porque queremos nem quando queremos, muitas vezes surge mesmo na precisa altura em que queremos que não se lembre de nós. Na sua origem tem vários motivos quando é de felicidade nenhum de nós lhe dá grande importância, mas quando se forma devido a tristeza tentamos ao máximo esconder…as razões? Várias. Quais? Não sei…
Forma-se no cimo do meu rosto, turva-me o olhar percorre o meu rosto para morrer manchando um qualquer tecido. Um tecido bruto incapaz de compreender tudo o que ela trás consigo. A dor, o alívio, a esperança, a tristeza, a beleza de um gesto simples fazem com que a lágrima seja um diamante bruto que todos queremos delapidar, mas que nenhum de nós consegue!